dúvidaas ?

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Depoimento de um viciado [part2]

Vi Tiago usando uma seringa no braço, logo depois eu vi ele em estado de êxtase, me deu vontade de experimentar, “deve ser legal”, pensei. Pensamento idiota!
Resolvi experimentar o tal êxtase, Tiago me ensinou como se fazia, e de uma hora pra outra tudo foi ficando colorido, risos, músicas, cenas, tudo o que era bom passou pela minha cabeça naquele momento, me deu uma sensação maravilhosa, algo que me consumia de forma que não conseguia lutar contra aquela sensação.
Insisti para que Gustavo experimentasse também, Gustavo relutou, mas experimentou.
Semanas depois, continuamos nessa mesma rotina, no início, era coisa de fim de semana, depois, era todos os dias da semana, foi quando começou a ser toda hora...
Largamos a escola, nos juntamos com outros moleques de rua, e começamos a roubar, roubávamos velhinhas, velhinhas cara! Em uma noite de sexta-feira, partimos para mais um roubo como de costume, neste dia, não havia quase ninguém nas ruas.
Uma senhora vinha caminhando segurando algo que parecia ser uma pequena bolsa, uma vítima para eles, uma senhora indefesa para mim. Saint, o mais frio, e mais viciado de todos nós, foi quem atacou essa senhora, ela tentou resistir, e Saint a matou.
Depois daquela noite, minha vida nunca mais foi a mesma, minha cabeça repetia sem parar aquela cena, e minha consciência me dizia “você estava lá, e não fez nada, seu desgraçado”.
Sempre me meti em confusões, em uma fuga, Gustavo levou um tiro na cabeça, e eu não pude fazer nada para salvá-lo pois também estava fugindo, queria muito salvá-lo mais era a vida dele, ou a minha. Todos os dias de minha vida, eu me lembro de Gustavo, sempre dizendo para não irmos, para não roubarmos, e ele sempre ia por minha causa, nunca entendi por que ele sempre estava comigo, hoje eu imagino por que, ele sempre esteve ali para me proteger, pra caso acontecesse algo comigo, ele estivesse ali para me levar de volta para o meu mundo.
Depois da morte de Gustavo, fiquei desnorteado, sem saber por onde andar, em um dos becos por onde andei, encontrei o Reverendo, nunca entendi porque o chamavam assim, mais nunca gostei de chama-lo de Reverendo, então o apelidei de Rev.
Rev. Me acolheu, me encontrou jogado em um canto do galpão abandonado onde comecei a me drogar, Ver. Me encontrou em péssimo estado, quase congelado, coberto de neve pois haviam buracos por todo o galpão, me levou pra casa, quando acordei, todo ensanguentado, com ferimentos por todo o rosto, e com ressaca, Rev. Insistiu para que eu ficasse morando com ele, eu relutei, Rev. Me trancava em casa à noite, me impedia de ir encontrar com meu bando, de fazer assaltos, de me drogar, eu ficava louco, subia pelas paredes, doía demais, a falta daquela droga circulando por minhas veias, me doía como se estivesse levando facadas por todo o corpo. Era uma cena deprimente, eu me debatendo, quebrando todos os móveis da casa, e Rev. Pondo cadeados enormes nas portas, e me segurando com força para me impedir de fazer coisa pior. 

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