dúvidaas ?

terça-feira, 29 de março de 2011

Manhã de Domingo

Naquela manhã de domingo acordei bem cedo, saí de casa sem satisfações, sem café, e sem ter aonde ir. Naquela manhã, só queria andar até as solas dos meus sapatos ficarem precárias, só queria pôr o fone de ouvido no último volume e seguir meu caminho sem ter hora pra voltar, sem ter que falar com ninguém. 
Na manhã de domingo eu admirei o sol, meio que escondido, olhei por um bom tempo tentando encontrar um brilho especial, mas não consegui. Sentia um vento tão frio nas minhas costelas, "devia ter me agasalhado hoje", pensei. 
Aquele domingo estava tão frio, tão escuro, e tão nublado, enquanto andava e olhava para os lugares, cantos, esquinas, árvores, olhos, chão pensava em algo tão forte que tomava conta dos lugares por onde passava, tão lindo que meus olhos brilhavam, eu pensava sem parar em uma pessoa, alguém de quem quase não falava com ninguém, alguém que já predominava em meus pensamentos à dias, pensava nele, pensava naqueles olhos expressivos, no sorriso engraçado, e nos gestos, lembrava de cada movimento que já tinha o visto fazer.
Não conseguia pensar em mais nada, mesmo com todas aquelas informações à minha volta, com todas aquelas pessoas que passavam por mim, só pensava nele, e a música tomava conta da minha mente, se tornando uma trilha sonora da vida, e o vento que insistia em soprar forte, o sol que insistia em se esconder, e as árvores que dançavam e se entrelaçavam no vento de uma forma linda e inexplicável.
Continuo andando sem parar, e de repente, tenho a impressão de ver um rosto conhecido, alguém que eu queria muito ver, me viro rapidamente para verificar, e vejo que não era ele, "nossa, devo estar ficando louca" pensei alto. 
Meus cabelos balançam com o vento, tudo parecia ser místico, ser poético naquela manhã de domingo, os namorados pareciam mais apaixonados, todos pareciam amar o que estavam fazendo.
E me vi no meio de todo aquela poesia de vida, no meio de toda aquela beleza natural, e me lembro novamente dele, é como se me dominasse, como se fizesse parte de mim, doía como uma culpa que carrego, mais me satisfazia, me alimentava de tal forma que não consigo explicar, como se fosse minha força, meu alimento, minha razão.
E naquele dia de Domingo, andei milhas e milhas, procurando alguém que sabia que nunca iria encontrar, explorei cada rosto de cada pessoa que por mim passou, tentando encontrar ele, o dia foi escurecendo, gotas geladas começaram a cair das nuvens cinzas de tanto chorar, então todos que estavam à minha volta começaram a correr, na tentativa de não se molhar, mas por algum motivo eu permaneci andando, seguindo meu caminho, e confesso que me senti viva debaixo daquela chuva, absorvendo cada gota de água gelada que caía sobre meu corpo, chegou a ser divino.
Naquele dia de domingo fui mais feliz, pois pensei só nele, admirei as criações daquele, que me fez sentir viva novamente, e pude que refletir e sentir Deus passeando por meus cabelos, eu pude vê-lo dançando com as árvores, e incomodando as pessoas ao redor, eu vi Deus. 
"não é preciso morrer pra ver Deus . " 

Nenhum comentário:

Postar um comentário